Chapter 6: A Little Breath
A noite caía sobre a cidade, tingindo o céu em tons profundos de laranja e violeta. O sol, prestes a se pôr completamente, deixou um rastro de luz suave que refletiu nas fachadas modernas dos edifícios.
O vento frio carregava consigo o aroma sutil de flores e ervas das praças bem cuidadas que cercavam a sede da Irmandade da Fênix. Era uma cena pintada por um artista divino, onde cada sombra e brilho dançavam em perfeita harmonia.
Satsu, Haruto e o grupo Ebony Wings saíram da sede, ainda rindo das piadas de Akira e dos comentários exagerados de Hana sobre a missão. As luzes dos postes de luz gradualmente se acenderam, criando um tapete dourado sob seus pés.
— Você viu a cara do Daichi quando o Faminto tentou roubar a maçã dele — Akira disse, quase se dobrando de tanto rir.
— Ei, essa foi uma tentativa desonesta! Eu também estava com fome! — Daichi resmungou, fingindo estar ofendido.
— Mais faminto que Hungry? Isso é uma grande conquista! — Haruto provocou, arrancando risadas de todos ao redor.
Conforme a conversa fluía, Satsu sentiu algo diferente. Pela primeira vez, ele não estava sozinho. Ele havia encontrado pessoas que se importavam, que o aceitavam como ele era. Seu coração parecia leve, como se cada passo fosse impulsionado por uma corrente de esperança.
Na entrada principal da irmandade, Haruto parou e se virou para Satsu.
— Bem, é aqui que nos separamos. Foi um bom primeiro dia, Satsu. Estamos felizes que você esteja conosco.
— Precisamos viver mais aventuras! — Hana disse dramaticamente. — Vou escrever um poema sobre isso.
— Por favor, não recite isso em público dessa vez, Hana — Akira implorou, rindo.
Daichi deu um tapinha firme no ombro de Satsu.
— Cuide-se, garoto. Amanhã é outro dia.
— Você vai se sair bem — disse Yumi com um sorriso maternal.
Haruto, com seu jeito firme e justo, estendeu a mão para Satsu.
— Se precisar de alguma coisa, você sabe onde nos encontrar.
Satsu apertou sua mão com gratidão.
— Obrigado… a todos.
Com acenos calorosos e despedidas, todos seguiram seus caminhos separados. Satsu observou seus novos amigos desaparecerem na escuridão antes de se virar para seguir sua própria jornada.
Quanto mais Satsu caminhava em direção à comunidade de Soraoka, mais o ambiente mudava. As ruas limpas e pavimentadas deram lugar a estradas de terra esburacadas.
O ar fresco foi substituído pelo cheiro forte de lixo e óleo velho. As casas de tijolos bem construídas foram substituídas por estruturas improvisadas de madeira, lona e papelão.
A luz fraca dos postes de luz danificados iluminava fracamente o caminho. Cães magros vasculhavam o lixo, e os sons da cidade pomposa foram deixados para trás, substituídos pelos murmúrios de famílias tentando sobreviver no dia seguinte.
Satsu parou por um momento, respirando fundo. Apesar de tudo, este lugar era um lar.
Quando chegou à casa apertada onde morava com os pais e a irmã mais nova, viu a porta de lona amarrada frouxamente com cordas. O som metódico de latas sendo separadas veio de fora. Sua mãe e seu pai ainda estavam no trabalho, separando sucata e materiais recicláveis para vender no dia seguinte.
— Mãe, vamos comer hoje? — perguntou sua irmãzinha, com a voz suave e cheia de esperança.
Sua mãe parou por um momento, seus ombros ficaram tensos. Ela escondeu isso com um sorriso triste.
— Vou ver, querida. Talvez tenhamos algo...
Satsu cerrou o punho com isso. Fazia tanto tempo que a família não tinha uma refeição decente. Mas hoje seria diferente.
— Estou de volta! — disse ele, com um largo sorriso, entrando no pequeno espaço.
Sua irmã correu até ele, com os olhos brilhando de alegria.
— Satsu! Você voltou! Como foi seu primeiro dia na Brotherhood?
O pai e a mãe deixaram os materiais de lado e se aproximaram com olhares cheios de orgulho.
— Você parece... diferente — disse seu pai, observando as roupas que Satsu usava, presentes de Haruto.
— Essas roupas... são do trabalho? — perguntou a mãe, espantada.
Satsu riu, um pouco envergonhado.
— Sim, um amigo me deu. O dia foi... intenso, mas conheci pessoas incríveis.
Eles se sentaram juntos no pequeno espaço da casa. Satsu contou tudo a ele — desde o treinamento insano até os amigos que ele fez e como ele foi aceito nas Ebony Wings.
— Parece um sonho, meu filho — disse sua mãe, tomada pela emoção.
— Estamos muito orgulhosos de você.
— Você sempre foi forte, Satsu. Eu sabia que você conseguiria — acrescentou seu pai.
Sua irmã o abraçou com força.
— Quero ser como você quando crescer!
Satsu sorriu, mas seus olhos brilharam quando ele tirou os presentes que havia recebido de seus amigos.
— Eu trouxe isso para você.
Os olhos da mãe se arregalaram quando ela viu as sacolas cheias de pão, frutas e biscoitos. O pai permaneceu em silêncio, mas seu maxilar tremeu com emoção reprimida.
— Isso é... comida de verdade — disse sua mãe, quase incrédula.
Naquela noite, pela primeira vez em anos, a família teve uma refeição adequada. Eles riram, conversaram e saborearam cada mordida como se fosse um banquete real. O calor da esperança preencheu aquele espaço apertado.
Conforme a noite se aprofundava e o silêncio mais uma vez tomava conta de Soraoka, Satsu olhou para o céu estrelado através das rachaduras da casa. Seu coração batia com um desejo incontrolável.
— Eu ficarei mais forte. Por você — he sussurrou, determinada.
E assim, enquanto a família adormecia com sorrisos nos rostos, Satsu prometeu que este seria apenas o começo de uma nova história.