Impetus System: The power of chaos

Chapter 16: Under the rugs.



A sede da Irmandade da Fênix brilhava como um diamante na luz do entardecer, suas torres imponentes refletindo tons dourados que enganavam olhos distantes.

Mármore polido, vitrais que contavam histórias de glórias passadas, corredores imaculados onde até o eco parecia reverente. Mas por trás da fachada de grandeza, o ar estava pesado com o mofo da decadência moral, e as paredes sussurravam segredos podres.

No salão principal, uma televisão de tela grande mostrava uma reportagem com imagens trêmulas da Caverna do Terror. O repórter, com uma voz profunda e um rosto sério, anunciou:

— Já faz um mês desde o quarto ataque fracassado da Irmandade da Fênix à Caverna do Terror — anunciou o repórter, sobre imagens de armaduras despedaçadas e manchas escuras de sangue no chão.

— Dessa vez, o número de mortos foi 18 pelos Blades of Carnage, um grupo liderado por Ryota. Até agora, eles são as únicas vítimas confirmadas do massacre...

A câmera cortou para Ryota. Seu queixo tremia, suas mãos se juntaram como se procurassem algo para segurar.

—Nós... fizemos o que podíamos — sua voz quebrou, ecoando no silêncio pesado do estúdio.

— Eles lutaram como heróis. Mas aquela criatura... — Ele fechou os olhos, engolindo em seco. Um segundo de pausa calculada, perfeita para a câmera capturar sua expressão triste.

— Eu enfrentei sozinho... Eu tentei salvar todo mundo usando meu poder máximo... mas... quando o S-Rank chegou...— ele mentiu, seus dedos se contraindo como garras.

— Era... muito pesado. — A voz sumiu, substituída por um suspiro abafado. A imagem lentamente ficou borrada, enquanto uma partitura sombria de piano preenchia o vazio — a assinatura dramática da rede para tragédias.

Na sala executiva, decorada com tapeçarias e móveis caros, o secretário Akihiro ergueu uma taça de champanhe com uma risada sarcástica. Seus olhos estreitos brilharam de satisfação.

— Saúde, Ryota! — ele disse, seu tom alegre escondendo suas intenções por trás de suas palavras. — Finalmente nos livramos daquele bando de pessoas inúteis.

Ryota, sentado em uma poltrona de couro vermelho, inclinou sua taça com um sorriso que mal escondia o alívio de um predador que escapou de sua própria armadilha.

— Hahaha! Sinto-me mais leve agora que tudo está... resolvido. —Seus dedos tamborilaram no braço da cadeira, mantendo o ritmo da mentira.

Akihiro tomou um longo gole, deixando o champanhe queimar sua garganta antes de acrescentar:

— Os idiotas da mídia engolem qualquer narrativa. Até todo aquele teatro que fizemos na TV foi convincente. — Ryota olhou para o fundo do copo, onde seu próprio reflexo estava distorcido.

— Sim... — ele murmurou, sua voz repentinamente áspera. — Mas aquele monstro... Ele voltou para o portal. Isso nunca aconteceu antes. Até onde sabemos, portais são apenas Saídas, não Entradas.— A secretária colocou o copo na mesa com um 'Tlink' calculado.

— Já relatei o ocorrido a certos… superiores. — A palavra ''superiores" saiu com um peso que deixou o ar pesado. — Precisamos ter mais cuidado. Usar a caverna para queimar arquivos era uma das nossas melhores estratégias para resolver certos assuntos… mas se essa coisa sair de lá…

Ryota interrompeu

— Não sei se eu teria chance contra ele. Ele era… indomável.

Akihiro sorriu, como se fosse uma ameaça.

— É melhor não ter que descobrir… — Ele levantou o copo novamente, fingindo brindar o vazio. — O governo está nos pressionando. Eles querem investigar as quatro tentativas frustradas. A primeira até foi legítima… mas quando vemos uma oportunidade, não devemos deixá-la escapar por entre os dedos, você não concorda comigo, Ryota? — disse ele, olhando fundo nos olhos do aventureiro.

Ryota riu nervosamente.

— Mas afinal, o que o governo quer? Por que eles têm sido tão 'prestativos' ultimamente?

Não é óbvio? De onde você acha que vem nosso dinheiro? — respondeu o secretário.

Ryota deu de ombros.

— Vem dos impostos do governo. Nós os obrigamos a nos pagar por segurança, já que as armas convencionais que eles usam não matam certas criaturas. Eles querem encontrar desculpas para nos pagar menos. Miseráveis... — a secretária terminou, gesticulando em desaprovação.

— Patético. Eles deveriam se curvar a nós, não cortar nossos recursos. Vermes... ousam morder a mão que os alimenta.

— Exatamente. — Akihiro se inclinou para frente em direção a Ryota, a luz do lustre de cristal projetando sombras em seu rosto. — E é por isso que vou deixar isso com você.

Ryota congelou. O copo tremeu em sua mão, derramando champanhe no tapete persa.

- Meu...?

— Ou você prefere perder seus privilégios? — A voz de Akihiro era suave, mas cada sílaba era um prego em um caixão. — Você sabe demais, Ryota. Você não tem opções. Obedeça. E certifique-se de que ninguém levante o tapete.

Ryota engoliu em seco, sua garganta tão seca quanto o deserto.

— Sim… Sim, senhor.

— Vá embora agora — ele gesticulou para que Ryota fosse embora.

Assim que a porta se fechou atrás de Ryota, Akihiro se aproximou da janela. Abaixo, a cidade pulsava como um coração cego, ignorante da podridão que o sustentava. Ele girou o copo vazio entre os dedos, a luz refletindo nele como um farol de hipocrisia.

— Muitas peças em jogo… ele sussurrou para seu próprio reflexo. — O monstro, os cadáveres, o governo…

Seus olhos se estreitaram.

— ...e agora, Aiko.

O nome pairava no ar como uma ameaça. A lembrança dela empurrando-o contra a parede, seus dedos cravando no concreto. Akihiro apertou o copo até seus dedos doerem.

"Ela está aqui?…hmm…"

Lá fora, o vento uivava, carregando o cheiro de chuva e segredos. Em algum lugar, sob os tapetes de seda e ouro, a sujeira começava a fermentar.


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